Por reagir à voz de prisão, a polícia de Paranaguá e Morretes matou o assassino do Delegado
Aragô Moraes
Morretes, 21 (Do nosso Correspondente) – O Sr. Pacifico P. Zattar, que no momento acumula os cargos de Prefeito Municipal e Delegado de Polícia, forneceu-nos informes sobre a captura de Paulo Kuróski, covarde assassino de Aragô Morais.
Relatemos o fato :
Desde a perpetração do crime que Paulo Kuróski estava foragido. A Polícia de todo Estado estava ativamente no seu encalço, dando-nos a impressão de que não falharia em hora tão precisa.
E assim aconteceu. Sábado último às 9 horas da manhã, Espírito José da Silva, inspetor policial de Candonga, deste município, avistou o criminoso naquela zona, mandando avisar o delegado Zattar e seguindo de longe a pista do delinquente.
Ipso fato, a nossa autouridade comunicou-se pelo telefone com as autoridades de Paranaguá e Curitiba, vindo incontinente da primeira cidade um numeroso destacamento policial , sob o comando pessoal do Ten. Aristides Rodrigues da Silva.
Daqui partiram, em quatro automóveis, o destacamento local, mais alguns civis, inclusive um irmão e cunhado da vítima, todos muito bem armados e municiados. Dispostos a tudo para fazer prevalecer a Justiça.
No lugar “Passa Sete”, em que se sai da estrada de Paranaguá para entrar na região do Rio Sagrado, encontraram-se as forças de Paranaguá e Morretes, sendo aí feita a distribuição dos homens que marcharam por caminhos dificultosos.
Cada grupo de homens levou um guia, conhecedor da região, sendo que a maior escolta seguiu a região mais provavelmente trilhada pelo criminoso.
Partindo pela Pedra Branca, passou essa escolta pelo Morro Alto, atingindo a Limeira.
Em seguida rumaram para Ribeiro Grande, pois com perspicácia, já havia o comandante da escolta, Manoel Ribeiro dos Santos, percebido vestígios da passagem de Paulo Kuróski.
Ao chegarem na casa de Generoso Agostinho, foi revelado à escolta que o criminoso poderia estar num barracão abandonado distante 200 metros dali.
O guia do grupo, Manoel Nogueira (Poly), levou os homens na direção indicada, sendo imediatamente cercado o barracão.
À aproximação lenta, foi pressentida a presença do criminoso naquela casa abandonada. Estava deitado, naturalmente exausto.
Recebeu de longe voz de prisão, em resposta a qual os representantes da justiça receberam um tiro, que felizmente não atingiu ao alvo.
Em represália, os homens da escolta detonaram as suas armas contra o criminoso. Estabeleceu-se um tiroteio que foi breve, pois um tiro certeiro dado por um dos soldados, apanhou em cheio o criminoso, matando-o instantaneamente.
Na impossibilidade de transportarem o corpo em que estavam (Furta-Maré) para Morretes, a escolta providenciou a ida do corpo para Guaratuba, onde foi sepultado.
Das diversas escoltas existentes no litoral, aque exterminou a vida do perigoso assassino era composta dos seguintes homens: - Mario Ribeiro dos Santos, Juveniano de Paiva, Antonio Correia, José Galdino (Praxédes), Generoso Agostinho, Antonio Francisco, Manoel Nogueira, Lino de Freitas e um moço pintor de casas, cujo nome não pudemos anotar.
A morte do criminoso foi comunicada às autoridades competentes, sendo que, em virtude disso, a sua mulher Nély, que se achava presa em Paranaguá, será solta.
E assim foi que a enchente do dia 19 auxiliou o extermínio de Paulo Kuróski, porque este, ao que tudo indica, estava em um lugar muito seguro, só sendo obrigado a abandoná-lo em virtude das águas que subiram.
E a sociedade ficou livre desse indesejável elemento, graças aos esforços de todas as autoridades.
A sua mulher Nély que, como se sabe, instigou o marido à prática de crime, é também uma pessoa indesejável em Morretes, razão porque a sua mudança para outro lugar é aqui aceita com satisfação.
Morretes – 22/03/1938.
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